segunda-feira, 20 de abril de 2009



Joaquim Felisberto da Cunha Sotto-Mayor

nasceu em Lebução, concelho de Valpaços a 11 de Março de 1845. Tendo perdido o pai muito cedo, pelos seus 4 anos, foi muito novo tentar a sorte no Brasil, como tantos outros jovens da sua geração. No Brasil, creio que no Rio de Janeiro, mercê de muito trabalho, muito esforço e também sorte, foi erguendo uma importante casa comercial - a "Soto Maior & Companhia", de que foi um dos principais fundadores. Embora tenha regressado a Portugal na década de 80, mais precisamente em 1886, a família continuou a ter grandes interesses e a fazer investimentos no Brasil. Uma vez regressado a Portugal residiu inicialmente no Porto, aonde nasceu a filha Maria del Pilar e depois em Lisboa, aonde nasceram a Maria Madalena, o Joaquim, o Alberto, o Vasco e o José.

Mais tarde, pela mão do figueirense Alberto José dos Santos conheceu a Figueira da Foz e, começando por lá estanciar de Verão, apaixonou-se pela cidade e pela sua região. Foi esta paixão que o levou a comprar vastas terras no Alto do Viso, entre a Figueira e Buarcos, acabando por perfazer uma vasta propriedade com vários hectares, que se estendia desde o mar (muito mais recuado que hoje, quase a banhar a colina do Fortim do Meio, ou de Palheiros) até aos Condados, no sopé da serra da Boa Viagem. Hoje é tudo uma mancha urbana, sem interrupção, mas naqueles tempos eram terrenos maninhos, com algumas quintarolas adjacentes, que Joaquim Felisberto mandou florestar e aonde cresceu uma frondosa mata de pinheiros e (mais tarde) eucaliptos - a Mata Sotto Mayor, já nos nossos dias sacrificada às novas urbanizações que aí se ergueram.

À volta da casa que mandou erguer - o designado palácio Sotto Mayor, então junto de um dos caminhos que da Figueira seguiam para os Condados e Tavarede, plantaram-se araucárias e outras espécies arbóreas de grande porte. A construção do palácio, uma luxuosa vivenda de estilo francês, projectada por Gaston Landeck, com fachada sumptuosa virada a nascente, serviu como “laboratório” de ensaio para muitos jovens talentos que, à volta de António Ramalho, Dórdio Gomes e Joaquim Lopes - os principais artistas, aí iniciaram e desenvolveram a sua actividade criativa.

Grande benemérito da Figueira, das suas associações e das suas gentes mais carenciadas, o nome de Joaquim Felisberto Sotto Mayor é, certamente, o de maior esplendor entre aqueles que a favoreceram com a sua fortuna pessoal (estou a lembrar-me, também, de um dos meus Sousa Prego, o Ezequiel). Sotto Mayor foi o verdadeiro mecenas daquela terra, que não sendo a sua de origem, a ela se devotou e acarinhou como se o fosse. Tradição, aliás, seguida pelo seu filho José Sotto Mayor.

DE: Joana santos

1 comentário:

Rui Rodrigues disse...

No palácio Sottomayor existe algum retrato dos ascendentes de Joaquim Felisberto Sottomayor?
Na figueira ainda vivem descendentes desta figura?